Quem sou eu? Eu sempre tive o perfil de pessoa independente, resolvida e prática.
Nunca tive medo de encarar desafios e sempre fui extremamente questionadora.
Quando decidi me casar, tive uma conversa aberta e honesta com o meu marido (na época noivo), sobre nossos maiores medos com relação ao casamento.
Essa conversa foi muito importante, pois abertamente fizemos acordos para uma convivência ainda mais harmoniosa e duradoura.
Ele verbalizou sobre a importância de mesmo após casado, ter momentos com seus amigos e eu comentei sobre a minha necessidade de ter meus momentos comigo mesma, preservar minha privacidade. Ficar tranquila, assistindo meus filmes, lendo meus livros, enfim, ter minha identidade preservada.
Isso sempre foi muito importante para mim.
Também tentei convecê-lo na época a usar o meu sobrenome ao invés do dele uma vez que o meu era mais raro, e desapareceria já que meu pai teve 3 filhas e o único irmão dele também teve somente 2 filhas.
Ou seja, quando todas nós nos casássemos, nosso sobrenome desapareceria, e isso me incomodava demais.
Infelizmente meu próprio pai não meu apoiou nessa ideia já que ainda tinha a forma conservadora e antiga de pensar, de que as mulheres deveriam carregar o sobrenome do marido.
Como isso também era importante para o meu marido, uma vez que ele também tem duas irmãs e a única irmã do pai dele não casou e não teve filhos, eu concordei em mudar meu nome, preservando o meu sobrenome no meio.
Me lembro até hoje da primeira vez que fiquei incomodada em ter minha identidade afetada.
Eu toquei o interfone do condomínio que eu recentemente morava com o meu marido e o porteiro atendeu, eu disse: “oi, sou moradora da casa 4”; ele perguntou meu nome, eu respondi e ele disse: “ah, é a esposa do Sr. Samuel”.
Eu fui pega de surpresa e não sabia como responder…. só acenei com a cabeça e ele me deixou entrar. Mas fiquei muito pensativa nesse dia.
Importante que vocês compreendam que não tenho absolutamente nada contra casar, nem trocar de nome e nem ser reconhecida como a esposa de quem quer que seja, somente compartilho que tudo isso para mim teve um impacto mais profundo, assim como a maternidade teria alguns anos depois.
Para mim a reflexão é sobre coexistir com os novos papéis da vida. Como adquirir novas identidades sem perder sua essência?
Eu simplesmente não me reconhecia nas primeiras duas semanas pós parto. Eu estava dependente dos outros (por razões físicas), insegura, extremamente sensível e chorona. Eu fiquei apavorada. Pensava a todo o tempo, o que está acontecendo? Será que vou voltar ao normal?
Uma explosão de hormônios me deixou com os sentimentos à flor da pele. Não tive depressão pós parto (nem sei como), mas definitivamente fiquei alterada. Mas ao reconhecer essas mudanças, eu respirei fundo e esperei passar.
Resumo da lição aprendida neste terceiro post: ter um conhecimento profundo de quem você é, quem quer ser e o que está disposta a comprometer é fundamental para recomeçar “novas vidas” de forma positiva e construtiva.
E você? Já passou por esses questionamentos durante a metamorfose da sua vida? Como foi a redescoberta durante a maternidade? Quais suas sugestões para melhor passar por esse processo intesivo de mudanças?
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