Como escolher a carreira pós imigração!? Eu acredito que você já tenha se acostumado a me ver falando de desenvolvimento profissional de uma forma bastante ampla. Eu já abordei temas relacionados a escolhas, performance, transições de carreira, planejamento, mindset de crescimento e tantas outras questões do mundo do trabalho não é mesmo?
E eu tenho um prazer imenso em fazer isso.
Desde que comecei a trabalhar com desenvolvimento de talentos, somam-se 14 anos de estrada, mais de 20.000 pessoas já foram impactadas por algum dos meus conteúdos.
Mas tem um grupo que desde o ano passado, nos atendimentos e palestras que tive oportunidade de fazer, vem chamando a minha atenção de forma especial. E pelo título deste artigo, você já deve ter uma pista.
Este é um grupo que enfrenta uma série de desafios e muitas vezes, sofre calado, como se não tivesse direito de sentir o que sente.
Ou ainda, sente culpa por estar tão infeliz quando todos à sua volta dizem: “é assim mesmo, vai passar”.
Um grupo que além dos desafios normais do mundo do trabalho, tem uma série de outros desafios que ninguém fala, mas que nem por isso, deixam de existir.
Estou me referindo à mulher imigrante.
Ser mulher, imigrante e os desafios de carreira pós imigração
De acordo com o Registro Nacional Migratório, o total de pedidos de registros de migrantes internacionais no Brasil entre 2000 e 2020 é de 1.504.736, sendo 36,6% deste número, ou seja, 550.161 de mulheres.
“Mas Lú, por que especificamente a mulher imigrante?”. Talvez você esteja pensando.
Segundo o Forum Econômico Mundial, serão necessários 136 anos para a igualdade salarial de gênero e quando se fala na mulher imigrante, o desafio se dá em muitos outros aspectos.
Essa mulher que imigra para outro país, vive não só a distância da família e amigos, como muitas vezes, uma quebra abrupta em relação à sua vida profissional.
Para algumas, de início, é o que desejavam para ter mais tempo de qualidade com a família, mas logo isso abre espaço para um vazio e um desejo de voltar a se sentir produtiva.
São tantos os desafios para conciliar a vida pessoal com a profissional que muitas acabam se sentindo muito fragilizadas, diminuídas e acabam abrindo mão da vida profissional o que em alguns casos acarretam outros problemas, inclusive abusos.
Ou ainda, algumas acabam aceitando trabalhos muito aquém da sua capacidade, onde elas não se sentem valorizadas e muitas, não veem alternativas para virar esse jogo.
Escolher o caminho a seguir, nem sempre é tão fácil quanto parece
Quem olha de fora diz: “decide por alguma coisa, vai lá e faz!”. Mas escolher que rumo dar para a carreira pós migração, nem sempre é tão fácil quanto parece.
Além de barreiras culturais, do idioma que não é o nativo, da distância da família, muitas mulheres brasileiras extremamente qualificadas encontram grandes desafios ao fazer escolhas de carreira por barreiras internas mesmo.
Dificuldade em se autopromover e falar dos seus sucessos é uma delas. Os Estados Unidos e Canadá são países que valorizam muito a autopromoção e até acham estranho você não falar de forma concreta das suas conquistas no ambiente de trabalho.
Uma queixa da mulher imigrante é que ela não sabe se conseguirá dar sequência à carreira que tinha no Brasil. Muitas acreditam que estão perdidas, mas no fundo, têm a resposta.
Só que ficam com receio de deixar para trás tudo o que conquistaram, sentem medo do julgamento, de se arrependerem depois e as barreiras internas vão ganhando proporções tão gigantescas que acabam a paralisando.
Algumas mulheres imigrantes acabam desenvolvendo um medo muito grande em falhar, entram em um processo de comparação com a vida que tinham, com amigas que estão alavancando suas carreiras e algumas, por mais que saibam o que desejam para sua vida profissional, sentem-se muito perdidas em relação ao caminho para atingir seus objetivos.
A grande maioria nunca fez um plano de carreira desde que imigrou.
A minha jornada até aqui
No momento deste artigo, são 12 anos vivendo fora do Brasil. E sim, passa muito rápido. Os 3 primeiros eu passei querendo voltar e sentindo falta da vida que eu tinha. A adaptação não foi imediata.
Eu vivi na pele o processo de ouvir muitos nãos, de questionar a minha capacidade, e de lidar com a síndrome da impostora que surge do idioma até quando você passa por todo processo seletivo, entra em uma grande organização e ainda continua se sentindo uma impostora.
Foram muitas lágrimas, muito esforço e muito estudo ao longo destes anos para dizer que finalmente me sinto muito realizada.
Nos últimos 4 anos, desde que fundei a Ficofoca, a minha empresa de soluções para Desenvolvimento Profissional, eu venho mergulhando fundo nos estudos e desafios de carreira do universo feminino, trabalhando com profissionais independente do gênero, que precisam de ajuda para viver seu máximo potencial.
Hoje sim, eu tenho uma série de recursos e ferramentas, os quais eu compartilho nos meus conteúdo gratuitos e nos meus cursos, palestras e mentorias.
Só no ano de 2022, mais de 300 imigrantes foram impactados.
A escolha de carreira pós imigração
O processo de escolher o rumo da sua carreira se você acabou de imigrar ou se você está há muitos anos fora do Brasil, passa por 4 grandes etapas:
1º Organizar suas ideias: se você está neste exato momento questionando o caminho a ser seguido, não será nada produtivo sair andando sem organizar suas ideias primeiro. A confusão mental só fará com que você se sinta ainda mais perdida e nada como papel e caneta para te ajudar com isso.
2º Definir suas preferências: faça uma lista de tudo o que está funcionando na sua vida neste momento e do que você gostaria que fosse diferente. Isso já te dará uma boa referência em termos de preferências.
3º Empoderar-se das suas potências: esta é uma das partes que eu mais amo!! Aqui entra quem você é em termos profissionais. Seus talentos, paixões e interesses, valores, experiências.
4º Identificar oportunidades do mercado: chegou o momento de olhar para o mercado e identificar caminhos onde suas potências e preferências sejam compatíveis com oportunidades do mercado.
Boom! Com clareza do que te traz satisfação e de como você pode ser remunerada para isso (oportunidades do mercado), você consegue ter uma lista de possibilidades profissionais.
Se ainda assim você tiver dificuldade de escolher entre as possibilidades da sua lista, me conta aqui nos comentários que eu faço um conteúdo sobre isso.
A vida da mulher imigrante é sim desafiadora e ao mesmo tempo muito gratificante, mas uma coisa é fato: mudar de país não significa abandonar a sua carreira, muito menos se conformar com a falta de resultados, de reconhecimento ou de satisfação.
Mudar de país significa que você teve coragem de trilhar novos caminhos, de viver novas experiências e de enxergar oportunidades em outras fronteiras.
Utilize essa força e essa coragem que sim, você tem, para viver a vida que você veio aqui para viver.
E isso inclui a sua realização profissional.
Vamos juntas?
Com carinho,
Lú
Leia também: