Ser Executiva ou ser Mãe: uma Escolha?

de Rafaella Lopes

Olá! Aqui vai o relato de uma de nossas colunistas, a Rafaella Lopes, mãe do Fábio e diretora de RH em uma grande empresa. Nesse artigo, a Rafa fala dos dilemas enfrentados quando decidiu ser mãe, de como planejou sua carreira e compartilha algumas lições aprendidas durante esse processo.

Espero que vocês curtam esse depoimento que no mínimo, faz a gente pensar!! 

Com carinho,


Ser Executiva ou ser Mãe: uma Escolha?

Este foi o primeiro dilema que enfrentei quando decidi que queria ser mãe. Será que conseguirei manter minha vida profissional que tanto amo e investi com a missão de ser mãe?

Precisarei desacelerar meu crescimento profissional durante os primeiros anos do meu filho?, não quero perder os melhores momentos com ele, então como conseguirei conciliar?, serei cobrada pelo meu filho por não estar sempre presente?, precisarei me decidir e escolher?. Enfim, essas foram algumas das milhões de perguntas que atormentavam minha cabeça.

Meu nome é Rafaella Iacuzio Lopes, administradora, Diretora de RH da maior empresa de equipamentos médicos do mundo, casada com o Samuel, empresário, e mãe do Fabio que tem 7 anos e é um menino cheio de energia e graças à Deus muito feliz!

Ser executiva ou ser mãe?Comecei a trabalhar com 19 anos e desde cedo gostei muito de me sentir útil, ter minha mente preenchida, ser desafiada e ter meu próprio dinheiro. Então decidi que investiria muito na minha formação e na minha carreira: me formei em uma das melhores faculdades de Administração e Marketing do país, concluí meu inglês em uma das melhores escolas de línguas, fiz MBA em Liderança, pós graduação em Coaching fora do pais, além de incontáveis cursos de especializações na minha área. Quando eu olhava pra trás e via a quantidade de investimentos que haviam sido feitos, eu também sempre considerei capitalizar em cima de todo esse esforço e ocupar altos cargos em organizações. Mas essa ideia também conflitava (ao invés de coexistir!) com meu outro grande sonho: o de ser mãe!

Eu me casei em 2006, aos 27 anos, e por 5 anos eu não quis ter filhos pois estava focada na minha fase egoísta: comer a hora que eu quiser, onde eu quiser, dormir quando eu sentisse sono, viajar para onde tivesse vontade, trabalhar ate a hora que precisasse e etc… ou seja, estar em primeiro lugar. Durante esses 5 anos, eu tomei também a importante decisão de mudar de emprego após 7 anos no RH de uma grande multinacional, onde eu estava como Coordenadora de RH, para uma empresa americana de equipamentos médicos, cujo projeto era fazer o start up da área de RH como head do departamento no Brasil. Ou seja, aos 28 anos (2007) eu já ocupava a posição de maior importância de Recursos Humanos da operação no Brasil de uma gigante da área de devices.

Me dediquei exclusivamente a esse projeto profissional até os 31 anos (2010) quando decidi investir no meu outro importante projeto: maternidade. Engravidei em Setembro de 2010 e tive uma gestação privilegiada. Consegui trabalhar ate 1 semana antes do Fabio nascer, sem nenhuma intercorrência ou afastamento.

Então veio a primeira lição da vida: apesar da minha gestação perfeita, eu estava com uma endometriose severa e que causou uma grande aderência entre o útero e a bexiga. Quando a médica fez a incisão no útero como parte da cesariana a bexiga foi cortada e por essa razão, ao invés de uma cesária de 40 minutos acabei ficando em uma cirurgia de mais de 5 horas, entubada, com anestesia geral e sem poder voltar para o quarto e amamentar meu filho.

Quando voltei da cirurgia eu estava com sonda, dreno e totalmente confusa…. as fichas do que tinha acontecido foram caindo aos poucos.

Eu tive que ficar 2 semanas com aquela sonda em casa, tinha muitas dores para urinar, pois os remédios que controlavam a dor e as contrações da bexiga não me permitiriam amamentar, então eu não os tomava.

Eu não conseguia ficar muito tempo em pé em razão disso tudo e por isso todos os planos que eu havia feito sobre tudo o que faria quando voltasse para casa com o meu filho, foram por água abaixo e eu tive na marra, que me apoiar nas outras pessoas. Meu marido, minha mãe, minha sogra, minha cunhada…. todos me ajudando e revezando para cuidar de mim e do meu filho.

Resumo da lição aprendida neste primeiro post: planejamento é fundamental para aumentar as chances de você estar onde sonha, mas é preciso também estar aberta para os imprevistos da vida, e quando eles acontecerem (veja que não usei a condicional, e sim uma afirmativa) contar com aqueles que você ama pode fazer TODA diferença.

E você? Passou por algum imprevisto durante a gestação ou pós parto? Comente aqui e compartilhe seus aprendizados.

Rafaella Lopes

Rafaella Lopes, paulistana, administradora formada pela ESPM, com MBA em programa de Liderança pela BSP e Pós Graduada em Coaching pela Fielding University na California. Casada há 12 anos com o Samuel e mãe do Fabio de 7 anos (o menino mais feliz e amoroso que eu conheço!). Atualmente sou Diretora de Recursos Humanos da Medtronic no Brasil e amo cuidar de gente! Outra grande paixão que tenho é o trabalho voluntário. Faço parte de um grupo chamado Guardiões da Esperança que apoia moradores de rua, crianças carentes, idosos e animais abandonados. O trabalho voluntário me ajudou a ser profundamente grata por todas as bençãos que eu recebo, ressignificou a minha vida e me tornou menos egoista. Adoro pensar que através das ações que fazemos conseguimos devolver esperança para as pessoas mais vulneráveis. Meu propósito é entender mais profundamente os seres humanos, suas motivações e assim, ajudar as pessoas a serem cada dia mais felizes. Quero agradecer imensamente à minha grande amiga Lu, pelo privilégio de poder fazer parte deste grande projeto e ter a oportunidade de contribuir com as mães e mulheres que enfrentam ou enfrentarão essa jornada incrível da maternindade! Espero que meus dilemas e aprendizados possam contribuir com algumas reflexões e que possam trazer para todas vocês um pouco de paz e plenitude em suas vidas.

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3 comentários

SUELI BURATO julho 27, 2018 - 4:10 pm

Oi, Raffaela! Obrigada por partilhar experiências, tão valiosas e agregadoras! Já, distante desse momento maternal “inicial” , pouco dissertarei sobre o mote. Apenas, farei uma observação. Ao dizer “e desde cedo gostei muito de me sentir útil”, acho quase improvável que lhe traduza algum tipo de sentimento, “egoísta”, ao contrário. Discorrendo acerca das suas experiências, fácilmente percebi o quanto de ALTRUÍSMO, há em si. Parabéns! Ser humano, singular! Boa sorte e sucesso!

Rafaella Lopes julho 30, 2018 - 6:34 am

Sueli, muito obrigada pelo seu comentário. Agradeço demais sua generosidade. Refletindo sobre o seu comentário, conclui que muitas vezes limitamos nossa visão das possibilidades da vida, e eu acreditava que me sentir útil seria somente através do trabalho. Hoje, mais madura, percebo que existem infinitas formas de contribuir com o mundo e com as outras pessoas. Fico feliz de ter chego a essa conclusão ainda em tempo de fazer mais!
Obrigada pela ajuda! Abraços

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