Um olhar para a criatividade infantil…
Na minha opinião, crianças são a própria definição de criatividade. Mas acredito também, no papel de pais e cuidadores para não só estimular a criatividade dos pequenos, como cooperar para que eles continuem ao longo da vida exercendo todo o seu potencial criativo.
Como fazer as coisas de forma diferente, mais dinâmica e inovadora é um dos dilemas da sociedade moderna. Adultos passam horas dentro de salas de reuniões em ‘brainstorming sessions’ tentando resolver algumas destas questões. Mas como acompanhar e dar suporte aos nossos filhos para não só estimular sua criatividade, como favorecer o pensamento crítico encontrando em nós o apoio de que necessitam?
A capacidade que as crianças possuem de inventar grandes histórias usando objetos simples do cotidiano, de pensar de maneira diferente encontrando soluções que nós adultos muitas vezes não enxergamos, sua habilidade de fazer de qualquer objeto um brinquedo e se entreter facilmente com aquilo são expressões de criatividade…
Mas qual é o momento de começar?
A resposta é já! Segundo o site Primeira Infância em Pauta:
“Os primeiros anos da vida de uma criança são fundamentais para seu desenvolvimento. (…) este é o período em que o cérebro mais precisa de estímulos, uma vez que 90% das conexões cerebrais são estabelecidas até os 6 anos. Em outras palavras, as interações sociais contribuem para impulsionar a atividade cerebral. Se a criança for negligenciada, muitas ligações entre os neurônios deixam de acontecer, o que pode afetar o seu potencial de aprender e se desenvolver. O desenvolvimento de uma pessoa é contínuo e incorpora diversos processos biológicos e socioemocionais que se moldam a partir das experiências vivenciadas especialmente na primeiríssima infância. Ou seja, mesmo após o nascimento, o cérebro continua sendo “construído” e a qualidade de sua “construção” depende das experiências vividas. Quanto melhor for a “construção” do cérebro nessa fase, melhor será a preparação das crianças para o futuro”.
Assim como as crianças possuem ritmos variados de desenvolvimento, umas parecendo ter um desenvolvimento mais acelerado que outras, a criatividade também não é a mesma em todas as crianças e tem muito que nós podemos fazer para estimular essa competência.
Essa ainda pode ser uma boa oportunidade para os pais de estreitar ainda mais os laços com seus filhos, especialmente porque a melhor forma de estimular a criatividade infantil é por meio de brincadeiras.
Brincar faz com que a criança exercite sua curiosidade, a motivação e o impulso exploratório, melhorando sua autonomia, autoconfiança, sua relação com o mundo que a cerca e com outras pessoas. As brincadeiras mais livres podem ajudar ainda no caso de problemas como ansiedade e timidez.
7 Dicas de como Estimular a Criatividade Infantil:
Criatividade Infantil – Brincadeira não-guiada
1. Promova um ambiente estimulante, dê espaço ao lúdico
Uma criança que ainda não saiba ler aprende vendo figuras e ouvindo a leitura dos pais. Desta forma, ela já é capaz de ampliar o seu imaginário e vocabulário, dois pilares no aprendizado da língua.
Crianças precisam de muito tempo para brincadeiras criativas, não estruturadas, dirigidas a crianças – sem a orientação de adultos.
O espaço também é um recurso que seus filhos precisam.
Eles precisam de uma área e um ambiente que os motive para o lúdico e a menos que você não se importe com bagunça em todos os cantos da casa, dê-lhes um lugar específico onde possam fazer bagunça.
Você também pode separar algumas roupinhas velhas, forrar o chão com jornal ou recorrer a tapetes de plástico para deixar que eles brinquem de aquarela, por ex., sem preocupação com a decoração.
2.Não imponha uma forma de fazer
A atitude de corrigir constantemente a forma como a criança está criando pode frustrá-la.
Outro dia, meu filho Rafa estava brincando com aquele Senhor Cabeça de Batata e estava colocando as peças todas trocadas, a boca na cabeça, o nariz nos olhos… eu fiquei tentada a corrigir, mas ao invés perguntei para ele:
É aí que fica a boca, na cabeça? E ele fez uma carinha de sapeca e abriu um baita sorriso. Isso já foi suficiente para me fazer entender que essa era a graça para ele, trocar o lugar das peças e ver as formas divertidas que o Senhor Cabeça de Batata ficava. Resolvi calar a boca e apenas me divertir com as criações dele.
3.Também aprendemos e muito com esses pequenos!!
Tudo bem se seu filho desenhar uma pessoa com dedos a menos, ou pintar o céu de roxo em vez de azul. Com o tempo, as técnicas e a percepção estética vão sendo aprimoradas.
É mais proveitoso seguir a fantasia da criança que impor alguma atividade ou maneira de fazer uma tarefa.
O adulto deve ser um facilitador para a criatividade, criar condições, mas nunca determinar o que é certo ou errado.
Intervenções podem acontecer caso o caminho percorrido pela criança seja conflitante com algum ensinamento moral passado a ela (simular uma historinha em que há violência, por exemplo).
4.Fuja da rotina
A rotina é super importante para as crianças se sentirem seguras e para que as coisas funcionem, mas uma rotina inflexível não é convidativa para a criatividade.
É imprescindível proporcionar novas e estimulantes experiências aos pequenos.
Vá a lugares diferentes, experimente uma comida nova, varie os locais de passeio, as músicas; novos livros, conheça outras culturas. Quem não se lembra de uma viagem inesquecível que fez na infância?
Por mais que a criança pareça ainda muito pequena para entender o contexto, estes ambientes estimulam a imaginação.
Existem também diversos museus voltados à criança ou ainda outras opções seriam ir para a natureza, brincar na terra, ou a uma biblioteca; ir ao teatro.
Estimule o seu filho a explorar o que vê pela frente, faça perguntas sobre o que ele achou, sobre o que poderia ser diferente, estimule-o a deixar a imaginação fluir.
Criatividade Infantil – Estimule os por quês…
5.Estimule a arte da pergunta
Para estimular a criatividade infantil, encoraje as crianças a fazerem perguntas, reconhecendo e valorizando suas ideias e expressões criativas, apontando como caminho para a aprendizagem de coisas novas. Isso os estimula a pensar de maneira diferente e flexível.
6.Promova uma atmosfera criativa
Além de espaços criativos, é interessante promover uma atmosfera criativa.
Que papo de atmosfera é esse?? Como assim? Algumas dicas são:
Resista ao impulso de avaliar as ideias que seus filhos criam.
Na hora do jantar, por exemplo, você pode pedir sugestões de atividades para o próximo fim de semana, incentivando as crianças a fazerem coisas que nunca fizeram antes.
Não aponte quais ideias não são possíveis e não decida quais ideias são melhores. O foco das atividades criativas deve estar no processo: gerar (versus avaliar) novas ideias.
Mostre para as crianças que é ok cometer erros e falhar. Sim, todos falhamos de vez em quando!
As crianças que têm medo do fracasso e do julgamento vão refrear o próprio pensamento criativo.
Compartilhe os erros que você cometeu recentemente, para que elas saibam que não há problema em expor o que aconteceu e como você se sentiu. Rir de si mesmo de vez em quando vai te deixar mais leve e as crianças percebem.
7.Celebre a inovação e a criatividade
Cubra suas paredes com arte e outras evidências de expressão criativa.
Conte aos seus filhos tudo sobre seus artistas, músicos e cientistas favoritos.
Compartilhe sua paixão pela arquitetura ou fotografia ou aquela nova banda que você quer ouvir o tempo todo.
Adote novas tecnologias, para que seus filhos cresçam e achem as mudanças empolgantes, não exagerando ou intimidando.
Atenção, celebrar não implica em presentear. Não dê coisas materiais como forma de celebrar uma conquista do seu filho, pelo contrário, permita que ele busque outras experiências que goste e que lhe deem prazer.
Já que estamos falando em estimular a criatividade infantil, que tal adotar não só estratégias criativas, mas também aceitar a missão de ser um adulto cada vez mais criativo?
É necessária uma boa dose de abertura para rever as nossas próprias práticas educacionais e afetivas e possibilitar que as crianças tenham pensamentos mais livres e críticos, mais autonomia e autoconfiança.
Com carinho de alguém que também está nessa jornada de aprendizado,
Lu